sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Viciada em Jim Jarmusch


Descobrir os filmes do Jim Jarmusch e suas fotografias em preto e branco e agora não quero mais largar, ou melhor, não tirar ele de minha lista de torrentes. O silêncio em seus filmes nos leva a fazer pequenos comentários durante uma cena ou outra, mas como tenho assistido a todos os filmes dele sozinha, o único comentário que tenho feito é: “Perfeito”.

“Down by law”(1986), foi o primeiro filme que tive contato do Jarmusch. Três rapazes tem seus destinos cruzados após serem presos. Zack e Jack (Tom Waits e John Lurie) vão parar na cadeia, logo depois mais um elemento é colocado na mesma cela, o italiano bem humorado Roberto (Roberto Benigni) e seu inglês mal falado. Após uma grande idéia de Roberto os três fogem. Durante alguns momentos em que os personagens estão na cadeia, o clima é de puro tédio e desse lado de cá conseguimos sentir esse clima.

Todo o conjunto no filme do Jarmusch me roubou de imediato. O figurino oitentista cool, a trilha sonora do próprio John Lurie e Tom Waits. No início do filme, em planos abertos a câmera passeia pelas ruas do bairro onde ocorre a história e depois no pântano, nos apresentando o cenário. Assistimos a tudo isso ao som de Jockey Full of Bourbon, do Waits. Sem entrar em detalhes na fotografia desse filme, que é fantástica, feita pelo Robby Muller.

Ainda em meu vício, corri para ver mais um filme, o próximo foi “Estranhos no paraíso” (1982). Novamente com o John Lurie que vive o húngaro Willie, que mora há dez anos em Nova York. Desocupado, mora só em um pequeno apartamento e recebe a visita de sua prima húngara, Eva (Eszter Balint). Após alguns dias Eva vai morar com sua tia em Cleveland, sentindo sua falta Willie e seu amigo vai buscá-la e depois seguem para a Florida.

Nesse filme podemos sentir também o tédio dos personagens, e a diferença da cultura vivida por eles. Willie acostumado com o modo de vida americano está jantando quando pergunta a prima se ela não deseja um “jantar de TV”, ela responde que não e pergunta o que aquilo significa. Então pergunta ainda sobre a carne, ele responde que veio da vaca, ela diz que aquilo nem parece carne. “Comemos assim nos EUA”. Responde Willie.

Já na Flórida, quando Willie presenteia sua prima e seu amigo com óculos escuros para “parecerem turistas”, essa cena me remeteu a “Paixão suicida” (Goran Dukic, 2006).

A minha cena favorita em “Estranhos no paraíso” é sem dúvida o passeio dos três personagens na praia.

Em “Sobre café e cigarros” (2004), Jarmusch reúne alguns curtas-metragens em que o assunto é o consumo de café e cigarros, claro. Também fotografia PB, podemos ver Tom Waits e Iggy Pop, Roberto Benigni, e outros. Confesso que foi o filme que menos gostei.

Então vamos ao próximo de minha lista, “Dead Man” (1995), com Johnny Depp. Conta a história do contador William Blake (Depp) que se muda para Cleveland, mas acaba sendo acusado da morte de uma moça e fugindo conhece um índio chamado Ninguém.

Nesse filme ao perceber que se tratava de uma história do velho oeste, confesso que sentir falta da cor. A iluminação quente que estou acostumada a ver nesses filmes, mas estamos falando de Jim Jarmusch e a fotografia, claro foi preto e branco. A trilha é do Neil Young (Crosby, Stills, Nash & Young). Perfeito.

Continuarei meu vício em Jim Jarmusch, tudo indica que o próximo filme que vou ver será “Permanent Vacation” (1980), o primeiro do diretor.

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