segunda-feira, 26 de julho de 2010

La main dans la main


Docemente, livremente vou cantando uma canção
aguardando novamente uma mão em minha mão....

Passado-Futuro

Às vezes bate em nossa porta sensações estranhas como: Sentir saudade de um passado que não nos pertence ou sentir saudade de um futuro que ninguém garante que viveremos.

É um prazer ouvir Jeff Buckley em dias chuvosos, aquela voz doce de um moço que foi embora tão cedo desse mundo e de maneira tão trágica. São suas músicas que me trazem essa saudade de um passado e ao mesmo tempo de um futuro que minha memória imagina ter vivido e que planeja viver. Cartas que eu poderia ter lido; beijos que eu poderia ter roubado; banhos de chuva que eu poderia ter tomado.

Coisas que ainda posso fazer em um futuro incerto.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Lulu? Oui, c’est moi...


Lulu? Oui, c’est moi...
Une petite fille..
De olhos de mangá
E com Paris vive a sonhar.
Une petite fille...
Que s’appelle Lulu
Que na vida vive a pensar
Elle pense...
Nuit et jour .
Em tudo que poderia encontrar,
Em tudo que poderia falar,
Em tudo que poderia acreditar.
Elle est Lulu.
Oui, c’est moi!

Telefonema

Andava de um lado a outro da casa, a cabeça parecia pipocar informações, tudo a bombardeava a mente de maneira rápida. Era tanto o que pensar, havia várias coisas ao mesmo tempo, misturando-se, atrapalhando, a perturbando.
Quando finalmente desistiu de fazer buracos no chão a moça de pés descalços e cabelos presos no alto da cabeça, se espalhou no sofá. As pálpebras fecharam-se para descansar, mas seus olhos permaneciam acordados, como sua mente, alerta, atormentada. Inventava fugas, imaginava-se fugindo de si mesma, de algo que estava dentro dela e ainda assim sabia que aquilo era algo impossível. Uma solução. Pensou. Mas não chegava a nenhuma.
Havia medo de cruzar aquela porta e ver os outros lá fora e os seus sorrisos enfeitando os seus rostos.
Iris não ascenderia às luzes quando a noite chegasse e ela chegou, a noite veio silenciosa e seca, sem chuva, sem nada. Devia ter estrelas e lua no céu, mas, ela não quis ver. O clima era de “solitude” no apartamento vazio. Ela se fechava em seu mundo no momento confuso e perdido, sem saber que caminho seguir, não havia ninguém para dizer se para direita ou para esquerda. Não havia nada além de medos, angústias.
De repente o silêncio foi interrompido pelo telefone tocando desesperado. Os olhos abertos agora eram fixos no aparelho barulhento. Chamou uma, duas vezes e ainda uma terceira, então se levantou em um caminhar preguiçoso foi até lá e atendeu. Alô! Disse em um tom de voz que saia lento entre os lábios outrora mudos.
-Lia? Oi Lia, escuta...
-Desculpa, mas você ligou errado. Iris interrompeu a voz jovem masculina que falava do outro lado da linha.
-Não é da casa da Lia?
-Não. Respondeu pensando se o rapaz do outro lado poderia ser surdo ou distraído o bastante para não ter percebido que ela disse que ele havia ligado para o número errado.
-Ok, me desculpa. Tchau! Desligou.
Um dia sem graça, sem cores, meus olhos cansados, o mundo completamente feliz lá fora e o telefone toca, no fim, engano. Pensou decepcionada. Voltou para o sofá, decidida agora a dormir, ir para um momento de amnésia, se dormisse esqueceria um pouco de tudo. Antes mesmo de seu corpo encontrar o fofo assento o telefone gritou desesperado novamente e agora havia uma esperança de que alguém, que realmente a conhecesse estivesse a sua procura e a levasse daquele lugar por algumas horas. Alô! Atendeu.
-Alô, ai cara foi mal, disquei errado de novo. A voz do outro lado era a mesma de segundos atrás.
-Tá legal, sem problemas. Iris vestia uma expressão sem sorriso no rosto, havia se decepcionado uma segunda vez.
-Foi mal, desculpa. Você já deve está irada com meus telefonemas.
-Isso é o que menos me perturba. Esses dias ando tão maluca, estou tentando encontrar algo que não é um objeto como um livro que a gente ler e devora com todo prazer, é algo difícil.
-Como assim? O estranho do outro lado da linha parecia se interessar pelo o que Iris tinha a dizer. Continuou ali ouvindo.
-Quero uma coisa chamada Felicidade, que todo mundo conhece menos eu. Minha cabeça anda uma loucura, meus pensamentos estão desorganizados, tem uma bagunça enorme aqui dentro. Perturbações que me tiram o equilíbrio; hora estou bem, hora estou nadando em um nada de nome estresse.
Iris parecia à vontade com o estranho do outro lado da linha, desejava um ouvido solidário há horas e finalmente um apareceu. Do nada. Sentou no chão frio; tão distraída nem percebera aquele frio. Esticou as pernas segurando o telefone no colo.
-Por que tudo isso? Você deve se perguntar aí do outro lado. Respondo. Existem coisas que não precisam ser explicadas, além disso, não posso explicar essa coisa que acontece comigo porque ainda não achei resposta para isso. Sei que tudo o que estou falando aqui, uma louca falando sem parar com um estranho pode parecer um nada, mas entenda tudo como um desabafo, como um choro que preciso jogar para fora de mim em um ombro silencioso.
-Vo...
-Sem perguntas, por favor! Iris interrompeu, parecia não querer perder da mente tudo o que precisava falar. As palavras estavam nadando em sua boca e precisavam sair.
-No momento esse é o meu maior desejo, maior tudo, sonho, vontade.
-O que?
-Felicidade. Tão difícil, uma coisa que parece tão distante. Um pouco antes de o telefone tocar da primeira vez eu imaginava está correndo em um bosque escuro e uma luz estava lá na frente, se escondendo entre umas árvores. Era ela, a Felicidade. Ela corre de mim, mas não desisto dela, dessa malandra, vou me segurar em tudo que possa me mostrar o caminho até ela.
O silêncio na linha a fez pensar que o ouvido solidário havia cansado de sua voz triste, um pouco depressiva pelas palavras que passava para aquele fone.
-Alô? Você tá ai?
-Estou, estou ouvindo...
-Momentos de espinhos esses. Me arranho mas, não me entrego, tudo o que a gente sofre é porque podemos suportar e eu vou suportar, mesmo que de vez em quando perca o chão. Você acredita em sonhos?
-Depende. Essas coisas de significados de sonhos eu não ando procurando cara é meio sei lá...
-Sei lá o que?
-Sei lá. Acho que não acredito tanto, acho que não acredito em nada disso de sonhos que podem ser avisos, essas coisas...
-Vou dizer assim mesmo. Ela falou decidida, acreditando ou não o estranho teria de ouvir porque o momento era dela, era ela quem desabafava. – Não faz muito tempo tive um sonho tão bom, tranqüilo. Tenho saudades dos sonhos tranqüilos que tinha, esses dias nem lembro o que tenho sonhado. Voltando... Eu caminhava em uma rua, voltava para casa e mais à minha frente tinha uma pessoa sem sexo, porque não lembro se era homem ou mulher e ela segurava um bebê. O bebê era lindo e tinha olhos pequeninos que me olhava e de repente sorriu para mim, era uma gargalhada tão gostosa, daquelas que só os bebês dão. Esse sonho para alguns significa Felicidade, procurei na internet.
Do outro lado ela pôde ouvir um riso baixinho, quase abafado dado pelo estranho. Não se importou, queria mesmo era continuar a falar e falar.
-Pensei tanto nesse sonho, não sei por que. Acho que deve ser porque gosto de crianças e dessa coisa de maternidade, acho tudo muito bonito. Mas, o curioso nessa história toda é que na mesma semana eu voltava para casa e então passou uma mulher com seu bebê no colo e o bebê olhava para mim...
-E ele sorriu para você. Disse o estranho tentando adivinhar.
-Isso, sorriu. Então desde esse dia comecei a acreditar que a Felicidade ela vai vir para mim. Um dia...
O silêncio voltou para o apartamento por alguns segundos. O estranho apesar de não acreditar em sonho e essas coisas de que “sonhos podem ser avisos”, ele refletia sobre a tristeza da moça sem nome do outro lado, enquanto ela respirava aliviada por finalmente tirar de dentro uma pequena parte dos pensamentos que lhe cortavam a mente.
-Alô? As vozes se confundiram falando ao mesmo tempo, ambos sorriram. Pela primeira vez naquele dia Iris estava devolvendo aos lábios o sabor de um sorriso.
-Como se sente?
-Melhor, acho que conseguir descarregar.
-O mundo inteiro não é feliz acredite, e apesar de não acreditar nessas coisas de sonhos e avisos, gosto de otimismo. Você vai achar o caminho... Como é mesmo o seu nome?
Tudo que Iris pôde ouvir foram toques seguidos, indicando que a ligação havia sido perdida. Mas o sorriso continuou desenhado nos lábios, ainda tímidos, mas começava a nascer novamente. Deixou o chão agora quente, não sabia quanto tempo passara no bate-papo com o estranho por telefone; colocou o aparelho barulhento no seu lugar e ascendeu à luz, sentia-se bem melhor.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

...

Pergunto:
-O que poderia ser a minha vida...
Um livro, um filme, uma música?

Respondem:
-Poderia ser um livro que virou filme, que por sua vez possui trilha sonora original

Aviso de uma mulher

Não irá sapatear em minhas costas
Não pintará de palhaço o meu rosto delicado.
Você não foi idealizado,
Não foram criadas expectativas em cima de você.
Para mim você é como é. É assim que o tenho conhecido.
Então não irá sapatear em minhas costas com os mesmos
Sapatos que sapatearam em você, autrefois.
Não pintará de palhaço o meu delicado rosto.
Sejamos felizes!

"Pierrot le fou"


Elle dit:
A vida é tão diferente dos livros. Gostaria que fossem iguais: Clara, lógica, organizada...
Mas não é...

Il dit:
Sim é...
Mais do que as pessoas pensam...



(Pierrot e Marianne em "Pierrot le fou")

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Odeio me importar...

Decidiu. Não se importaria mais.
Eu odeio me importar, sempre acabo mal quando me importo.
E para quer se importar se o outro não se importa se eu me importo?
Não se importará mais,odeia se importar. Esquecerá tudo, o mundo e o fundo,
O lugar e não pensará em futuro.
Esquecerei tudo. Só não me esquecerei de mim, me importo comigo.
Se importa com ela!
É tudo!