terça-feira, 18 de maio de 2010



Olhou para o espelho, reconhecia quem estava ali na sua frente. Não era personagem nenhuma, era ela mesma. Parecia confusa, mas não era isso. Insegura talvez, mas não confirmava. Talvez ainda uma falta de equilíbrio que lhe vinha bater à porta. Aqueles momentos, aquele dia em que um milhão de coisas explode de uma só vez em sua cabeça. Existem pessoas que tem equilíbrio todo o tempo, existe aquelas que fingem o ter e ainda aquelas que a perdem de vez em quando. Talvez ela estivesse encaixada nessa última.
Contava-lhe seus próprios segredos, suas certezas que lhe fazia feliz naqueles dias, e seus pensamentos e preocupações sobre a sua vida. Ninguém precisava saber somente ela e as pessoas envolvidas viveriam aquelas alegrias e as suas preocupações e pensamentos só a ela pertenciam. Queria mais certezas, queria um piso onde fixar os pés e sentar com sua cadeira de mulher decidida.
Aquela manhã exigia silêncio, um silêncio que não era possível enquanto de um lado o telefone tocava, do outro a porta abria com um bom dia. Desejava paz para colocar ordem nas suas coisas, ordem em seus pensamentos. Desejava caminhar e não ficar parada. Sentia saudade. Saudade Dele, saudade de uma tarde tranqüila, de uma música não especifica.

sábado, 15 de maio de 2010

Devinette

Quoi de plus fort que le fer?
-Le feu
Quoi de plus fort que le feu?
-L'eau
Quoi de plus fort que l'eau?
-Le soleil
Quoi de plus fort que le soleil?
-Les nuages
Quoi de plus fort que les nuages?
-La montagne
Quoi de plus fort que la montagne?
-L'homme
Quoi de plus fort que l'homme?
-La femme



(Muriel Bloch,365 contes pour tous
les âges. 1995)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Papel em branco


Eram nove horas, os ponteiros do relógio não perdoavam, passavam fazendo seu trabalho naqueles tic-tac’s que ela ouvia vindo do alto na parede. E o tempo diminuía para ela. No papel as palavras que haviam nascido com sentido, agora se perdiam em um texto sem meio nem fim. Dava-se conta que aquela história não iria para frente. Mãos impacientes arrancaram o papel do caderno que transformada numa bola amassada e inútil esse mesmo papel de texto inacabado fora jogado no lixo. Relaxou. Tomou o último gole de vinho tinto esquecido na taça em cima da escrivaninha. Ouvia uma música suave. Devia pensar em algo, então deixou a cadeira e começou a dá voltas no quarto, com braços para trás apoiados um no outro. Tentava fazer sua mente se teletransportar, para outro mundo, um lugar que lhe doasse idéias. Mas, parecia inútil.
A música continuava tocando, suavizando o ambiente. “PS I Love you”. Sussurrou. Era o refrão da música que a fazia companhia. Então por que não escrever uma história de amor? Com todas as emoções e mãos frias de nervoso que pegam os apaixonados e suspiros e sonhos? Questionou-se. Voltou a cadeira na escrivaninha, lápis na mão, uma letra desenhada no papel e o novo texto começaria. Uma letra e... Nada. Mais nada. História de amor? Por quem? De quem? Que inspiração? Seu coração não estava enlouquecido por ninguém, seus amores passados já não lhe inspiravam mais. Mais uma vez papel em branco, e o que restou foi a inquietação. Deixou a cadeira, o papel, o lápis. Seus olhos encontraram a janela aberta e lá fora passos iam e vinham escrevendo seus dias. E o que ela havia descoberto naquela manhã foi que: É difícil escrever o que não se sente.

domingo, 2 de maio de 2010

Je veux voir le rayon vert



Desde que vi o filme do Eric Rohmer "O Raio Verde" (Le Rayon Vert, 1986), que fiquei na maior vontade de ver esse fenômeno. O filme trata da dificuldade de Delphine em se adaptar a vida que seus amigos levam e das pessoas que ela encontra ao longo da história. Ela é uma jovem secretária parisiense que deseja passar suas férias ao lado do namorado. No entanto, está sozinha, acaba de ser largada pelo companheiro, daí passa o verão em meio a uma crise de aborrecimento e choro. Mas em um certo momento do filme enquanto aguarda a hora de voltar para casa, conhece um novo rapaz e é com ele que Delphine ver o raio verde. Lindo o filme.
A lenda diz que, ao observar o último raio solar do dia, surge um pequeno feixe de luz esverdeada ao horizonte. Se duas pessoas que se gostam avistarem o tal raio verde ao mesmo tempo, significa que elas serão felizes juntas para sempre.

Eu quero ver o tal do Raio Verde!!!