domingo, 31 de maio de 2009

III Capítulo

Vi aqueles quatro passos chegando ao mesmo tempo no escritório, pensei “se fosse planejado não seria tão perfeito”. Li nos lábios de ambos seguidos em sorrisos contidos um “bom dia”.
Não pisquei as pálpebras, a ansiedade pelo resultado daquele meu plano era muita. Os óculos de grau encontraram o papel bilhete em baixo do porta-retrato, sentir a necessidade de saber se a outra havia encontrado o dela, foi certamente a primeira coisa que ela viu.
Finalmente vi aqueles olhares se encontrarem e atravessarem um sorriso contente ,era uma mensagem de boa resposta. Havia dado certo.
Os ponteiros do relógio pareciam estar contra meu plano de unir aqueles dois. Ambos olhavam de vez em quando ou o relógio de pulso ou o relógio de mesa.
***

E saíram juntos do escritório, as mãos estavam livres queriam unir-se uma a outra, mas pensaram que era cedo. O café era logo ali do outro lado da Rua Olavo Bilac.
Tinha cavalheirismo, puxou a cadeira para que ela sentasse, e a outra não escondia o sorriso satisfeito daquela ação. Pediram algo ao garçom que logo serviu, a conversa começaria.
O que dizer afinal? Certamente pensaram, mas não havia o que dizer ora, passavam todo o dia olhando um para o outro em “segredo”, sendo discretos para que o outro não percebesse.
Devia apreciar o almoço, a companhia um do outro. Então o homem sem os óculos de grau falou sua primeira palavra.
... Fiquei surpreso ao receber o seu bilhete não pensei que...
Surpresa estava a observadora, afinal ela sabia que não havia mandado bilhete algum para o colega. Sorriu, e negando balançando a cabeça disse-lhe:
...Mas eu não mandei nenhum bilhete, você quem me mandou...
...Como assim eu recebi...
Os papéis tirados de seus bolsos eram os mesmos que eu havia assinado como se fosse eles e deixado em suas cabines.
Trocaram os bilhetes precisavam conferir suas letras e assinaturas, então o meu plano foi descoberto. A caligrafia era igual as assinaturas diferentes, a palavras iguais.
...Fizeram os bilhetes e colocaram em nossas mesas, me desculpe não sei onde coloco minha cara...
...Fomos vitimas...
Sorriram, os olhos dela não conseguiam alcançar os dele por vergonha, o homem já não era mais sério, aquele ar de responsabilidade todo o tempo havia sido deixado na cabine antes de sair do escritório.
...Quem pode ter feito?
...Não sei, mas sabe que parece que quem escreveu sabia o que estava fazendo!
...Do que estar falando?
...Não saberia te convidar para sair e alguém leu meus pensamentos e o fez!
Então estava feito. As palavras do colega fizeram nascer um sorriso de esperança na observadora, nem pensou mais em quem poderia ter mandado os bilhetes.
As mãos do colega alcançaram as delas do outro lado da mesa, as unhas, os dedos finos, podia sentir finalmente que a observadora era mesmo mais do que aquela imagem que sempre, todas as manhãs percebia além daquele vidro.

Um comentário:

  1. Não gostei desse final, eles tem sim de ficar juntos mas, a maneira como tudo se resolveu foi um pouco normal demais...
    Quem tiver sugestões por favor, falem...
    Obrigada

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