quarta-feira, 1 de junho de 2011

Uma paixão, uma arma e la putana

Parte I



Trazia um sorriso fácil nos lábios, caminhar seguro, e uma ansiedade que parecia não combinar com a sua postura de homem briguento e machista. Entrou na lanchonete sem mesmo dar atenção as vozes que misturavam-se e conversas que se confundiam, pois era nela que focava o seu olhar, os seus sentidos. Seu nome era Maria, e os seus olhos não expressavam a mesma alegria que os dele em vê-la.

Sentou à mesa junto a ela, suas mãos desejavam tocar o rosto fino da moça, mas ela se esquivou, virou o rosto e o nos lábios o bico estava estampado de insatisfação. Ele respirou , apenas um olhar para o mocinho da lanchonete e logo uma cerveja estava servida.

-          Então, o que ta pegando?
-          O que ta pegando? Você é bem engraçadinho Henrique. Eu sei, todo mundo tá sabendo que você anda me enganando com uma puta... e não adianta fingir que não sabe de nada...

Os olhos de Henrique pareciam querer saltar do rosto, como ela havia descoberto tal coisa? A cerveja do copo desceu em um só gole pela garganta seca de nervoso.

-          Você só pensa que sou idiota, só pensa... Me telefonaram para contar as suas safadezas, seus amigos sabem, minhas amigas, todos  dessa cidadizinha sabem...
-          Calma Maria... foi só uma aventura sem graça...
-          Aventura sem graça? Você a traz aqui onde a gente freqüenta e é só uma aventura sem graça? Olha aqui Henrique, suas aventuras para mim sempre foram besteiras, mas você levar suas vagabundas para o local onde freqüentamos, ah isso não.
-          Eu vou terminar com ela.
-          E eu vou para a festa de hoje á noite e sem você. 

Maria estava prestes a deixar a mesa, as mãos seguravam firme a bolsa. Henrique a segurou em um dos braços e a resposta foi um olhar metralhador de Maria em cima de sua mão. Ela sacudiu o seu braço para que ele largasse.

-          Não me toque dessa maneira.
-          Eu vou com você hoje à noite, antes marco com ela, termino tudo e te encontro lá. O Bruno te leva na festa e encontro vocês.
-          Não demora a fazer isso... Tchau!

Maria deixou a lanchonete com um sorrisinho vencedor nos lábios, enquanto Henrique calculava planos para resolver a situação em que estava. Cerveja gelada novamente na garganta e logo partiu.
***
A chuva caia um pouco agitada naquela noite. Maria aguardava a carona para a festa, parecia uma dama pintada em um quadro, vestida de vermelho emoldurada pelas bordas de madeira pintada de branco da janela. Gritou algo como: - Mãe, até mais! E logo foi ter com os amigos no carro estacionado na porta. A noite estava apenas começando.

Bruno, amigo próximo de Henrique, possuía umas entradas precoces na cabeça jovem de 22 anos. Risonho, adorava as boas piadas mesmo em horas mais tensas. No banco da frente do carro, ao seu lado, estava Lúcia, amiga de Maria que flertava com Bruno há alguns dias.

A chuva não dava trégua, no rádio tocava baixinho um programa voltado para o rock anos 50. Lúcia e Bruno cantarolavam juntos, entre risinhos e olhares de interesse. Maria, sorria assistindo a cena dos dois, mas hora ou outra voltava os pensamentos da safadeza aprontada por Henrique. Despertou da distração ao ver o carro do namorado estacionado em uma esquina, chovia, a água escorria nas janelas de vidro, mas ela o reconheceu dentro do veículo acompanhado pela outra. Gesticulavam, e sua curiosidade lhe provocava, desejando saber o que conversavam naquele instante. Bruno buzinou para o amigo e seguiu. 

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