segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sem título, porque me falta imaginação...



Como era ansiosa, seus dedos tremiam em sincronia com um não sei o quê que sentia no peito. Na cabeça flutuavam todas as idéias, planos, desejos que guardava e precisava trazer para o real, mas o tempo era o muro mais alto, o concreto mais duro e impiedoso, não chegava a ser um inimigo, mas uma pedra no caminho.

Acreditava que no dia seguinte acordaria mais calma, as idéias seriam organizadas como em um calendário e tudo ficaria sobre o seu controle, assim fácil. Iludida. A manhã nasceu e ao abrir os olhos sentiu todo aquele incomodo do dia anterior. Respirou e deixou a cama com toda a coragem que roubava de dentro do corpo e achou esquisito o escuro, perguntava-se onde estava a luz do sol que sempre entrava pela fresta da janela incomodando os seus olhos.

Nos lábios um sorriso, resposta do céu cinza lá fora e da chuva que caia fraquinha trazendo um vento fresco. – Talvez uma música... e um café também. Sussurrou para si mesma. Morava sozinha e era a sua maior conquista aquele apartamento pequeno com o seu jeito, as suas cores, o seu cheiro.

Descalçou os pés para a pele sentir o frio que forrava o piso, caminhou até a cozinha, preparou e tomou café da manhã rindo sabe-se lá do quê. E a ansiedade descansava e voltava lhe roubando a calma e os pensamentos. Neles desenhavam-se papéis em branco, livros, uma máquina fotográfica, um rapaz, um pen-driver, roupas que deveria escolher, tênis ou sapatilha? Sandália de dedo, talvez? Outro rapaz. Pausa para um gole de café, uma mordida digna no sanduíche de queijo derretido. Novamente os desenhos nos pensamentos, a passagem da viajem, o dinheiro que deveria guardar, uma agenda escrita quase completa.

Hora de voltar à realidade e fazer as coisas que eram preciso fazer. Deixou a cozinha e foi de cabeça para a ducha morna, tinha exatamente 30 minutos para deixar a sua caverna e ir para o trabalho.

Dirigia bem. Dirigia? Pelo menos era atenta nas ruas, o carro emprestado dos pais há quase dois anos, sua sorte que eram seus pais os donos, pois que abuso. Mas, eles não se importavam, não muito. Logo... logo...logo... ela compraria o seu e tudo ficaria bem. Essa parte da história não fazia parte do seu troféu de independência. 

Dona de pouca idade, sentia-se criança quando pensava em confiança. Diante de diversas situações dividia-se em duas naqueles dias, tantas histórias e tantas versões que sabia-se lá em quê ou quem dá mais crédito. Mas de uma coisa tinha certeza: Estaria do seu lado, que era o mais confiável. Bastava discuti com sigo mesma todos os dias, entre a quieta e corajosa, a santa e a ousada, a individualista e a amável.


Era meio esquisita também, não se sabe explicar. Era um dia de sol amarelo brilhante no céu, deixara a prisão de deveres e afazeres que era seu trabalho, e sem explicação alguma, sem ter nem porque o seu espírito flutuava, leve e alegre, um sorriso tatuado de canto a canto do rosto, impossível de conter. Tudo nas ruas era mais lindo, o céu mil vezes mais azul, era paciência pura, os semáforos poderiam fechar que os seus pés não reclamavam por está com pressa. Esquisito toda aquela alegria que explodiu dentro dela, mas maravilhoso e muito bem-vinda, era paz de espírito. 

2 comentários:

  1. Há dois anos sem ler os seus textos tinha me esquecido como eles são bons. Grande abraço para ti - e prometo visitar o seu blog mais vezes.

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  2. Obrigada Leandro.. estou sem atualizar há um tempão meu blog querido rs, mas pode visitar mais vezes. :) bisous

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