sábado, 6 de março de 2010

O Andar


Voltou para casa. Algo dentro dela não a deixava, era uma ansiedade que lhe subia os pés viajando até a cabeça. Sentou-se inquieta na poltrona se esquecendo de abrir a janela. Seus dedos dos pés dançavam impacientes batendo uns nos outros, algo mais forte que sua respiração a atingia, era uma mescla de ansiedade, medo, esperança, tristeza, tudo batido dentro dela.
As mãos não paravam, hora tocando os cabelos, hora tentando deixá-la calma agarrando os braços da poltrona. Seus olhos foram longe nos ponteiros do relógio, eram 15:00 horas e a carta esperada não chegava trazendo a boa ou má resposta. Ergueu o corpo da poltrona, com olhos ainda presos ao relógio enquanto processava o pensamento. Decisão tomada. Saiu do apartamento decidida a esperar o carteiro passar. Apressava os passos nos degraus da escada, os mesmos degraus que há anos recebiam pizões lentos e rápidos como aqueles.
Continuava deixando degraus para trás quando seu olhar cruzou com novos olhos e eles eram quietos, porém, lhe pedia que também mirasse. Do alto aqueles olhos se comunicavam sem mesmo dizer uma só palavra. Um passo e a sua história mudaria. Esquecer-se da carta que lhe roubava a calma e não chegava ou partir escrevendo uma nova história?

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