quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Eubola de ping-pong

Trabalho de hoje? Enviar telegrama para juíza tal de endereço desconhecido. Já que os papéis com toda aquela relação de números e endereços não me davam respostas, só me restou recorrer a alguém bem informado. Então foi ai que começou a partida de ping-pong onde eu era a bola. Tenso.
-Alô bom dia... Tribunal de justiça? Gostaria que me informasse se a juíza tal atua ai ou...
-Vou passar para outro setor que informará melhor sobre isso, um instante...
A recepcionista interrompeu e passou a ligação, primeira raquetadaramal no eubola de ping-pong. Novamente repetir a minha frase ensaiada sobre a juíza tal de endereço ainda misterioso.
-Bom dia... Aqui é do gabinete tal... Poderia me informar se a juíza tal atua ai ou senão, em que endereço?
-Eu não sei informar, mas vou passar a ligação para o setor responsável, aguarde um momento.
Uhhhll, segunda raquetadaramal no eubola de ping-pong. Quando a impaciência avisa que está chegando é bom respirar fundo e se concentrar no trabalho.
-Bom dia Corregedoria...
-Bom dia... Aqui é do gabinete tal... Poderia me informar se a juíza tal atua ai no tribunal...
Minha boca já estava cansada de pronunciar as mesmas palavras e a mesma pergunta sem resposta. Sem falar que meu jovem ouvido de orelha já aquecida pelo telefone não suportaria mais uma raquetadaramal. Mas me preparei mesmo cansada para mais uma.
-Como é o nome da juíza, pode repetir?
-Claro. Respondi entusiasmada, a busca pela juíza de endereço desconhecido parecia está chegando ao fim.
-O nome dela é Maria tal de fulano de tal...
-Aguarde um momento.
E aquele momento parecia um século. As raquetadasramal pareciam ter finalmente acabado, mas a impaciência e a vontade de colocar as mãos naquele endereço e enviar logo aquele telegrama eram maiores. A televisão ligada não me roubava à atenção. O senhor de olhos de vidro na recepção já havia sido atendido e no computador já havia lido as notícias sobre música e cinema. Só me restou a espera crua, sem distrações.
-Alô. A voz simpática voltara à linha, a caneta já estava em minha mão ansiosa pelo endereço que não veio. Muchei, novamente na estaca zero.
-Não encontrei ainda o endereço da juíza, você não quer deixar o seu número, eu vou procurar mais e retorno. Seu nome é?
-Claro, o número é 32*** Meu nome é Luciana.
-Eu ligo de volta!
-Obrigada!
A espera. Como ela é angustiante. Não podia ligar para os colegas dos correios e passar todos os telegramas antes de encontrar aquele endereço desconhecido.
Meus olhos nervosos em cima do telefone, mas ele não tocava. Dez para as nove, quase meia hora que havia desligado e ainda não havia ouvido o aparelho.
Acho que agora ao invés de levar raquetadasramal fui enrolada e esquecida. E nada de endereço da juíza tal. Pensei.
O diálogo de meus pensamentos e eu, foi interrompido pelo berro desesperado do telefone, logo atendi ansiosa.
-Alô Luciana? É o Luciano, olha só a juíza ela não atua aqui no estado, ela está em Brasília, o endereço você pode pegar no site tal...
De raquetadasramal em raquetadasramal no eubola ping-pong fui parar em Brasília. Consegui o endereço misterioso da juíza tal graças à voz simpática com o meu nome. Trabalho concluído com sucesso.

2 comentários:

  1. Essa história não tem nada a ver com seu trabalho, tem?

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  2. Se tem... passar telegramas já é rotina lá no trabalho. Mas até gosto de passar pq os telemarketing's dos correios são os mais educados e atenciosos que já falei. :)

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