segunda-feira, 3 de maio de 2010

Papel em branco


Eram nove horas, os ponteiros do relógio não perdoavam, passavam fazendo seu trabalho naqueles tic-tac’s que ela ouvia vindo do alto na parede. E o tempo diminuía para ela. No papel as palavras que haviam nascido com sentido, agora se perdiam em um texto sem meio nem fim. Dava-se conta que aquela história não iria para frente. Mãos impacientes arrancaram o papel do caderno que transformada numa bola amassada e inútil esse mesmo papel de texto inacabado fora jogado no lixo. Relaxou. Tomou o último gole de vinho tinto esquecido na taça em cima da escrivaninha. Ouvia uma música suave. Devia pensar em algo, então deixou a cadeira e começou a dá voltas no quarto, com braços para trás apoiados um no outro. Tentava fazer sua mente se teletransportar, para outro mundo, um lugar que lhe doasse idéias. Mas, parecia inútil.
A música continuava tocando, suavizando o ambiente. “PS I Love you”. Sussurrou. Era o refrão da música que a fazia companhia. Então por que não escrever uma história de amor? Com todas as emoções e mãos frias de nervoso que pegam os apaixonados e suspiros e sonhos? Questionou-se. Voltou a cadeira na escrivaninha, lápis na mão, uma letra desenhada no papel e o novo texto começaria. Uma letra e... Nada. Mais nada. História de amor? Por quem? De quem? Que inspiração? Seu coração não estava enlouquecido por ninguém, seus amores passados já não lhe inspiravam mais. Mais uma vez papel em branco, e o que restou foi a inquietação. Deixou a cadeira, o papel, o lápis. Seus olhos encontraram a janela aberta e lá fora passos iam e vinham escrevendo seus dias. E o que ela havia descoberto naquela manhã foi que: É difícil escrever o que não se sente.

2 comentários:

  1. ja pensou em escrever sobre o que os outros sentem?...é um olhar no mínimo, diferente e estranho.

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  2. mesmo quando escrevo sobre um sentimento que não me pertence, quando consigo fazer é pq de algum modo me envolvi na história...

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